O Mundial do Catar, e o catar da história… o preconceito e o racismo – Parte I

(António Jorge, in Facebook, 21/12/2022)

A Argentina ganhou a sua 3ª Taça do Mundo do futebol da FIFA.

Naquela que terá sido a mais empolgante final de um campeonato mundial da FIFA, no passado domingo, defrontaram-se França e Argentina… com as suas singularidades… uma seleção de brancos, Argentina e uma seleção de negros, a França em confronto no Catar.

Do lado da França, que se apresenta desde há muito, com uma seleção de futebol, quase toda composta por africanos… e nesta final, a partir de meados da segunda parte até ao prolongamento… 90,9%, todos os jogadores eram da África negra. Só o guarda-redes era de etnia branca!

Do lado da Argentina, um país da América do Sul… antiga colónia espanhola e que no seu passado histórico, tal como todos os países da América, também teve muitos escravos negros.

Mas… e que por obra e graça do divino ou da alquimia adulterada das cores… desapareceram… todos ou quase todos os negros na Argentina.

Um mistério que justifica explicações. (1)

Mas existem outras divergências desportivas e nomeadamente futebolísticas, a que devemos juntar as de natureza étnica, pela predominância da negritude no Brasil, e nomeadamente pela presença destes, na arte do chuta bem… e das razões dos insultos racistas, entre argentinos e brasileiros.

Não se trata apenas de um problema de radicalização doentia e provocadora entre adeptos… no plano futebolístico… mas ainda muito mais grave e preocupante.

Um problema político que nem mesmo com a criação do país tampão no século XIX, ficou resolvido… com a criação do Uruguai, (2) como forma de evitar os conflitos e guerras entre Argentina e Brasil.

Porém há um caso importante a esclarecer, nomeadamente pela perseguição à negritude e a prática maquiavélica da eugenia, (3) transformando a Argentina num país de brancos apenas… à semelhança da Europa, de onde saíram os emigrantes que povoaram e colonizaram a nação Argentina… bem diferente do Brasil, que foi o primeiro país do Mundo a atingir e a ter uma composição étnica cósmica pela profunda mestiçagem do povo brasileiro.

Mas, passemos à frente… Marrocos, passados 444 anos da batalha de Alcácer Quibir, (em 1578) derrotou Portugal na sua vã tentativa do alargamento da fé e do Império… o que deixou Portugal órfão até hoje… ainda à espera que num dia de nevoeiro muito cerrado vindo dos lados dos Serracenos, nos possam trazer de volta à Pátria viúva, El Rei D. Sebastião.

E agora… que vergonha a nossa… fomos de novo derrotados e catados no Catar das Arábias… pelos mesmos de sempre… os marroquinos… o que fez ressurgir de novo esse estigma e essa desgraça nacional que nos volta atormentar e lembrar Alcácer Quibir… e que nos afastou do caneco tão desejado… acabando a federação por mandar o mister místico-crente dos milagres de Fátima… o Santos selecionador… tomar uns canecos por não ter sido capaz de realizar o sonho lusitano da conquista da taça… e que fez desaparecer outro grande português da estirpe dos Lusíadas… o melhor do mundo… na ótica nacionalista da maioria dos comentadores futeboleiros televisivos em Portugal.

Mas o que provocou ainda mais dor no nosso orgulho patriótico em Portugal, foi o facto de sermos afastados por uma seleção africana… Marrocos, uma vergonha para a nação.

Temos duas formas de lidar com os africanos falsos e cínicos, para deles tirarmos proveitos e vantagens, pela corrupção das elites assimiladas no poder, como em Angola e a forma como sentimos e vemos a África… para continuar a enganá-los e a beneficiarmos. E a quem nos usa através de nós… estamos ainda mais ressentidos e desgostosos, porque – não fomos eliminados por uma seleção europeia… de pureza étnica e branca, que até podia ser a França… apesar de ter uma seleção composta pela negritude africana, mas que usa a bandeira e as cores da França.

Uma seleção africana eliminar Portugal do Mundial… isso é que não podia acontecer e logo pelo país dos camelos… quando os camelos somos nós, perdidos num deserto da incompreensão da nossa história e da real dimensão racional em tudo, de memória curta!

Marrocos, que neste Mundial só eliminou uma ex-campeã mundial, a Espanha, e que apenas tinha ganho ao Canadá e a Portugal… a melhor seleção do mundo e arredores… à Croácia, que era apenas… a terceira seleção mundial… e à Bélgica… que era só… a Vice-campeão do Mundial.

Como foi possível Portugal uma nação imortal e a pátria dos heróis do mar, perder com estes camelos… habituados a jogar nas areias do deserto?

De tal forma o orgulho dos portugueses foi afetado por não trazerem do Catar o Caneco da Copa… que num ato heroico e marcante para a história registar… despediram o selecionador, que indemnizado, apenas… com 4 milhões e como está muito desgostoso e traumatizado, vai ou poderá vir, a meter-se nos canecos… pode vir a passar a vida a marcar… penáltis e neguinhos (4) nas tascas, atrás uns dos outros… para esquecer…

A vida e principalmente a política, não é o que parece ser mas o que é. O Catar foi o país escolhido, apesar dos problemas e transtornos que se sabiam de antemão quais eram… nomeadamente o de interromper os campeonatos em curso na Europa, América Latina e no Mundo… e para que se esclareça aos mais teimosos e céticos… mesmo na FIFA, nada pode ser escolhido e decidido sem a aprovação norte-americana… prova disso, a exclusão da Rússia deste Mundial, que acabaria substituída ilicitamente pela Polónia.

E o Catar que por não ter respeitado a decisão norte-americana de aumentar a produção do petróleo no âmbito da OPEP, como processo escabroso das imposições de sanções contra a Rússia, passou do céu ao inferno… e a ser diabolizado e atacado pelos Estados Unidos e todo o Ocidente que é dependente do xerife… o manequim das funerárias!.


(1) O misterioso desaparecimento dos africanos na Argentina (ver parte 2)

– Devido ao tamanho do texto sobre esta questão misteriosa, será a segunda parte deste texto a publicar a seguir em separado.

(2) As razões da criação do Uruguai.

O registo da história do Uruguai inicia-se com a chegada dos primeiros europeus à área no início do século XVI. Tanto a Espanha como Portugal procuraram colonizar o futuro Uruguai. Portugal tinha por base a Colônia do Sacramento (na margem oposta a Buenos Aires, no rio da Prata), enquanto a Espanha ocupava Montevideu, fundada no século XVIII e que veio a se tornar a capital do futuro país.

O início do século XIX viu o surgimento de movimentos de independência por toda a América do Sul, incluindo o Uruguai, cujo território constituiu parte da Banda Oriental do Uruguai (isto é, “faixa a leste do rio Uruguai”), cujo território foi disputado pelos estados nascentes do Brasil, herdeiro de Portugal, e das Províncias Unidas do Rio da Prata, atualmente República Argentina, com capital em Buenos Aires, herdeira do Vice-reinado da Espanha.

O Brasil sob domínio de Portugal, havia ocupado a área em 1811 e a anexado em 1821 (Incorporação da Cisplatina em História do Brasil). Mas uma nova revolta iniciou-se a 25 de agosto de 1825. E o Uruguai se tornou uma nação independente com o Tratado de Montevidéu, de 1828.

(3) A eugenia, também chamada de eugenismo, consiste em uma série de crenças e práticas cujo objetivo é criar seres humanos “ideais” através do controle genético da população.

A existência da eugenia se explica na antiga crença de que os seres humanos seriam divididos em raças, e que umas seriam superiores e deveriam prevalecer.

Muitas pessoas, que eram vistas como inferiores, foram consideradas como não dignas de existir ou de ter descendentes, sendo assinadas ou submetidas à esterilização forçada.

O conceito de eugenia é uma filosofia social e não uma área da genética, cuja a finalidade é uma nova organização da sociedade por meio da eliminação das pessoas ditas inferiores.

(4) Copo de vinho bebido de um trago (nas tabernas e tascas do Porto).

Pedido através do uso da palavra… Penalti:

– Ó Zé, vou ali à tasca marcar um penalti e volto já. “Neguinhos” referente a um tipo de pequeno copo de vinho, ou a uma medida do mesmo, usada nas antigas tascas do Porto e nortenhas.


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Um pensamento sobre “O Mundial do Catar, e o catar da história… o preconceito e o racismo – Parte I

  1. Pelos vistos estamos na presença de um complexado por ser africano, quando na verdade essa devia ser o maior motivo de orgulho nas suas raízes. Todos os odeiam, os desvalorizam, os perseguem, e afinal foram eles que povoaram meio mundo. Em vez de terem nisso orgulho, e focarem-se nos aspectos positivos, cedem aos negativos e à travessia pela escravatura, esquecendo e desprezando os muitos que perderam a vida em luta pela liberdade e pelo orgulho de ser africano. Sem palavras para tanto complexo

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